quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Jovem universitária de Apuiarés no Jornal ‘O Povo’

O perfil dos estudantes que passaram na UFC desenhado pela pesquisa da Andifes aponta mudanças na universidade federal cearense

Claudiana Martins, de Apuiarés e estuda na UFC

 O vestibular da Universidade Federal do Ceará, acontecido ano passado pela primeira vez aos moldes do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), abriu as portas do ensino superior público a muitos interioranos do Estado. Em 2011, 151 municípios cearenses aprovaram estudantes pela UFC. O salto, identificado pela reitoria este ano, aponta tendências expansionistas e significa boa notícia para o reitor Jesualdo Faria. “O Sisu democratiza o vestibular e a expansão da UFC pelo Interior também é responsável pela mudança. Estes resultados nos deixam bastante felizes”, declara.

Em consonância com as boas novas aportadas pelo derradeiro concurso, saiu o resultado de pesquisa nacional realizada em 2009.2 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) cuja participação da instituição também traz novidade. Os números são comemorativos. 63,5% dos universitários federais no Ceará têm renda familiar igual ou inferior a R$ 2.656. Apesar de a maioria dos estudantes virem de famílias não tão abastadas, 65% fizeram ensino médio em escola particular.

Não é o caso da Claudiana Martins. Aos 23 anos, essa cearense de Apuiarés, município a 119 quilômetros da Capital, cursa o terceiro semestre em pedagogia na UFC – antes disso, foi aluna de escola pública. O Programa de Educação em Células (Prece) foi quem fez o link entre Apuiarés e o ensino superior. O Prece é projeto de extensão da própria UFC, os universitários participantes viajam as cidades interioranas do Ceará para preparar os vestibulandos estado afora. “Não fossem eles, eu não pensaria na universidade”, admite a estudante.

Aos finais de semana, Claudiana devolve os conhecimentos a jovens como ela. Volta para casa em ônibus da Secretaria da Educação do Estado e conversa com os novos vestibulandos, agora voltados para as artimanhas do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. “Depois da formatura, quero voltar pra casa. Ensinar no Interior. A vida é mais calma e quero devolver o que recebi”.

Tendências

“Com a expansão - sobretudo pelo interior - era esperado pela reitoria. Sempre se dizia o contrário por aí, mas o que ainda acontece são os cursos historicamente ocupados por alunos da escola particular. Medicina é o mais conhecido”, complementa Jesualdo. O levantamento específico por curso está em andamento pela reitoria. O perfil financeiro modesto dos estudantes universitários, conforme o reitor, tende à ampliação: “Este ano, acredito, estamos em melhor situação”.

ENTENDA A NOTÍCIA

O Ceará é composto por 184 municípios. A UFC tem campus em Fortaleza, Quixadá, Sobral e Cariri. Com 69% de estudantes da Capital, a instituição, conforme a reitoria, caminha para expansão entre os conterrâneos do Interior.

A oportunidade muda os lugares

Quando Claudiana Martins pensava em Fortaleza, gostava de acreditar dia desses ir morar “lá”. Se imaginava doméstica em casa de família, ou vendedora d’algum centro comercial. Depois da escola, ficava-se parado ou tentava-se a vida pela Capital. Os dias eram assim.

A palavra universidade veio bem depois, e foram precisos três anos de dedicação pós ensino médio para o projeto se concretizar. Os estudantes da UFC chegaram a galope em Apuiarés, organizaram os estudos dos pretendentes e prometeram voltar. Desde então, todos os finais de semana são de troca. Durante os dias úteis, os meninos estudam por conta, juntos, são jovens e adultos. Sábados e domingos, pessoas como a estudante Caroline Avendaño, de 26 anos, aportam para tirar as dúvidas.

Cinco municípios participam do programa: Pentecostes, Apuiarés, Paramoti, General Sampaio e Fortaleza. Os grupos de estudo ocorrem em escolas construídas pelo próprio projeto ou em instituições de ensino público do próprio sistema local. “É revolucionária a possibilidade de mostrar aos estudantes a universidade. É emocionante essa troca, não é longe da realidade o vestibular, mas eles precisam ser apresentados à possibilidade”, opina a Caroline.

Foto: Claudiana Martins, de Apuiarés, estuda na UFC após cursar o ensino médio em escola pública no Interior (SARA MAIA)

Fonte: Jornal O Povo (Ceará) em Link 1 e Link 2
Data: 10 de Agosto de 2011